sábado, 17 de novembro de 2012

O Garoto Branco



        Sentou-se em uma pedra a beira mar, com os olhos azuis quase brancos, ele contemplava a imensidão de água que se estendia diante dele. Era um dia frio, escuro de nuvens negras. O vento assoprava suave e frio, parecia cortar a pele branca do garoto. Era loiro, cabelo não muito comprido, alto e magro. Os outros garotos caçoavam dele por ser tão pálido, ninguém, nem ele mesmo, entendia o por que de tanta brancura, passava o dia todo sob o sol, estirado naquela pedra enorme, parecia esperar algo. Algo novo, diferente.
        Mas não era um dia de sol, as nuvens já haviam começado a gritar, ele olhou para o céu, sabia que não era uma chuva qualquer. Lá no horizonte, pôde ver a tempestade se formando sobre o mar, e em seguida as ondas grandes. E com um único grito o vento anunciou o caos. A chuva começou a cair forte e cortante, sem falar do próprio vento que assoviava nos ouvidos e levava placas e galhos de árvores. Ele continuou ali, sentado em sua pedra. As pessoas corriam na cidade, e logo uma pequena inundação começou. A chuva apocalíptica assustava a todos menos ao garoto.
        Então a onda gigante atingiu a cidade, derrubou casas, matou gente. E após tudo aquilo, uma fresta de sol surgiu, as poucas pessoas que sobraram nos tetos dos prédios que ainda ficaram de pé, choravam, lamentavam suas perdas, lamentavam estar vivos. E a pedra onde o garoto se sentava estava vazia, o mar já havia se acalmado, perdoou seu filho, e levou-o consigo. O garoto branco, filho do céu, filhou do mar.


Matheus Menegucci

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