Foto por Julien Chaumet |
Regina
caiu dura na faixa de pedestre. Uma bela queda em câmera lenta. Enquanto os
joelhos se dobravam, o cabelo ruivo se punha a flutuar. Levemente, os braços se
moveram um pouco para cima, fazendo-a parecer um anjo de vestido vermelho,
preparando vôo em plena luz do dia. Mas logo se pôde ver que não era um anjo, pelo
fato de ela não ter alçado vôo. Ao invés disso, ela caiu. Os joelhos beijaram o
chão e amorteceram o resto do corpo, que logo caiu de lado na faixa.
Uma
pequena aglomeração de pessoas se formou ao seu redor, pessoas comuns, que não
faziam a mínima idéia do que fazer naquele momento. E enquanto a vista ficava
escura e ofuscada, Regina pôde ver dezenas de faces estranhas, faces cansadas e
amarguradas. Sentiu-se bem. Viu que, mesmo morrendo, era mais feliz que todas
aquelas pessoas que a cercavam. Felicidade! Afinal, o que é Felicidade?
Já
estava quase cerrando os olhos quando alguém cortou a pequena multidão, adentrando
ao centro do circulo. Com pressa, ele se ajoelhou, pegou a mão de Regina e a
beijou, do mesmo modo como um nobre cavaleiro beija a de sua donzela. Ela já
estava com um sorriso no rosto, mas este se intensificou ao ver o rosto do
rapaz, o amor de sua vida, um amor de sete dias que valeu por toda vida, um
amor de sete dias e dois beijos. E o ultimo suspiro de Regina foi para dizer
antes de sorrir e morrer:
-Você
veio!
Matheus Menegucci