terça-feira, 25 de dezembro de 2012

Sete Dias, Dois Beijos


Foto por Julien Chaumet



                Regina caiu dura na faixa de pedestre. Uma bela queda em câmera lenta. Enquanto os joelhos se dobravam, o cabelo ruivo se punha a flutuar. Levemente, os braços se moveram um pouco para cima, fazendo-a parecer um anjo de vestido vermelho, preparando vôo em plena luz do dia. Mas logo se pôde ver que não era um anjo, pelo fato de ela não ter alçado vôo. Ao invés disso, ela caiu. Os joelhos beijaram o chão e amorteceram o resto do corpo, que logo caiu de lado na faixa.
                Uma pequena aglomeração de pessoas se formou ao seu redor, pessoas comuns, que não faziam a mínima idéia do que fazer naquele momento. E enquanto a vista ficava escura e ofuscada, Regina pôde ver dezenas de faces estranhas, faces cansadas e amarguradas. Sentiu-se bem. Viu que, mesmo morrendo, era mais feliz que todas aquelas pessoas que a cercavam. Felicidade! Afinal, o que é Felicidade?
                Já estava quase cerrando os olhos quando alguém cortou a pequena multidão, adentrando ao centro do circulo. Com pressa, ele se ajoelhou, pegou a mão de Regina e a beijou, do mesmo modo como um nobre cavaleiro beija a de sua donzela. Ela já estava com um sorriso no rosto, mas este se intensificou ao ver o rosto do rapaz, o amor de sua vida, um amor de sete dias que valeu por toda vida, um amor de sete dias e dois beijos. E o ultimo suspiro de Regina foi para dizer antes de sorrir e morrer:
                -Você veio! 


Matheus Menegucci

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