domingo, 9 de dezembro de 2012

Sereno e o Mar




                Os pezinhos do garoto balançavam, apontados para o mar, descalços e saindo de uma calça moletom. Era um dia frio, e nesses dias, sabe-se lá por que, o garoto gostava de sentar à beira do cais e ficar só observando o horizonte frio e congelado.
                Não havia muitos barcos ali, só um. “Sereno” era o que estava escrito na proa da pequena embarcação. O garoto gostava de barcos, principalmente daqueles pequenos à vela, como Sereno. Era possível ver um rapaz sentado no barco, do mesmo jeito que o garoto, com os pés apontando para o mar, pensativo.
                O rapaz do barco percebeu que o garoto estava olhando, mas não se importou, continuou observando o mar frio. Após um tempo, saiu da beira do barco e se aproximou do cais, desprendeu uma corda que prendia Sereno. Foi para dentro, ligou o motor e, antes que o barco começasse a se mover, saiu e acenou para o garoto, como que diz “Adeus!”.
                -Mas já? –Gritou o garoto enquanto se levantava com pressa - Por quê?
                -Pelo mar, meu amigo! –Respondeu o jovem astutamente - O Mar quer que eu vá!
                -O mar? Mas... Para onde ele quer você vá?
                A essa altura o barco já estava um pouco distante, os obrigando a gritar mais alto.
                -Como assim “para onde”? Ora, para o mar.
                Os olhos do garoto brilharam com a resposta, sem falar do arrepio que lhe subiu pelas costas. Então, lentamente, ele ergueu um dos bracinhos e acenou bem devagar, como se despedindo de um velho amigo. Não é fácil dar adeus a um irmão. E enquanto o jovem sumia no horizonte frio, algo ecoava na cabeça do menino:
                “Pelo Mar... Para o Mar!”


Matheus Menegucci

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