Os
pezinhos do garoto balançavam, apontados para o mar, descalços e saindo de uma
calça moletom. Era um dia frio, e nesses dias, sabe-se lá por que, o garoto
gostava de sentar à beira do cais e ficar só observando o horizonte frio e congelado.
Não
havia muitos barcos ali, só um. “Sereno” era o que estava escrito na proa da pequena
embarcação. O garoto gostava de barcos, principalmente daqueles pequenos à
vela, como Sereno. Era possível ver um rapaz sentado no barco, do mesmo jeito
que o garoto, com os pés apontando para o mar, pensativo.
O
rapaz do barco percebeu que o garoto estava olhando, mas não se importou,
continuou observando o mar frio. Após um tempo, saiu da beira do barco e se
aproximou do cais, desprendeu uma corda que prendia Sereno. Foi para dentro,
ligou o motor e, antes que o barco começasse a se mover, saiu e acenou para o
garoto, como que diz “Adeus!”.
-Mas
já? –Gritou o garoto enquanto se levantava com pressa - Por quê?
-Pelo
mar, meu amigo! –Respondeu o jovem astutamente - O Mar quer que eu vá!
-O
mar? Mas... Para onde ele quer você vá?
A
essa altura o barco já estava um pouco distante, os obrigando a gritar mais
alto.
-Como
assim “para onde”? Ora, para o mar.
Os
olhos do garoto brilharam com a resposta, sem falar do arrepio que lhe subiu
pelas costas. Então, lentamente, ele ergueu um dos bracinhos e acenou bem
devagar, como se despedindo de um velho amigo. Não é fácil dar adeus a um
irmão. E enquanto o jovem sumia no horizonte frio, algo ecoava na cabeça do
menino:
“Pelo
Mar... Para o Mar!”
Matheus Menegucci
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