quarta-feira, 30 de maio de 2012

Aos que fingem não ver...

E o que nós fazemos com aqueles que precisam?
E o que fazemos com quem não tem nada?
E aqueles que nos roubam só para serem mais felizes?
Por que julgar quem sabe que a fé não está do seu lado?
Sociedade podre, cheia de vermes.
E todos aqueles que estão no lixo, são que os que se dariam bem no topo...
E todos aqueles que estão no lixo, la permanecerão, até apodrecerem...
Até o fim.

           -Hanna Brito

segunda-feira, 28 de maio de 2012

UM (Pt. 4) FINAL

Parte 1:http://insetosdecarne.blogspot.com.br/2012/05/um-pt-1.html
Parte 2:http://insetosdecarne.blogspot.com.br/2012/05/um-pt-2.html
Parte 3:http://insetosdecarne.blogspot.com.br/2012/05/um-pt-3.html

UM (Pt. 4) FINAL

        É incrível como de súbito meu mundo ficou silencioso e feliz, nós não falávamos, não tínhamos nomes, e nem nos importávamos com isso, eu podia muito bem ensiná-la a falar, mas percebi que seu silêncio era mais sincero que qualquer palavra que um dia foi dita no velho mundo. Eu aprendi tanto com com ela, finalmente me lembrei de como era ter uma família, aprendi a ler olhares, nosso único meio de comunicação.
         A nossa rotina era simples, acordávamos cedo e logo saíamos para explorar o que um dia foi a cidade, corríamos por prédios e destroços, subíamos nas árvores, ficávamos horas buscando memórias, objetos esquecidos, inventando vidas para seus donos, nunca dissemos uma única palavra um ao outro, mas eu sabia que ela tinha a mesma mania que eu, de dar vida a pessoas que não existem, de imaginar um universo paralelo onde a vida existia e crescia em paz, e de algum modo, o mundo havia se recuperado, agora a vida crescia em paz, a céu era azul, e tudo era verde e dominado pela natureza que cresceu além do comum, as arvores superaram os prédios em questão de poucos anos, ou talvez tenham sido muitos anos, eu já não contava, mas podia perceber claramente que estava envelhecendo, minha pele já estava ficando enrugada, mas nunca me senti tão vivo, e o mesmo acontecia com a garotinha, ela cresceu, mas ainda era uma criança, inocente e condenada a eternizar sua presença em um mundo onde a vida começava a florir novamente, mas já era tarde para a raça humana. Voltávamos para nossa "casa" no por do sol, exaustos, o céu escurecia e finalmente dormíamos, acordávamos sempre no mesmo horário, e refazíamos o ciclo, eu tratava seus ferimentos quando ela se machucava, do mesmo modo como ela tratava os meus, era um modo muito bom de aproveitar o resto da vida antes de cair no esquecimento eterno, antes de virar mais um fóssil que viria a ser estudado por uma especie mais avançada, que diria que nós eramos apenas primatas que não evoluíram o suficiente para sobrevier na terra.
        Eu dormia perfeitamente todas as noites como uma pedra, não e lembro de ter sonhos, só dormia à noite, acordava pela manhã e vivia o resto de minha vida. Uma noite fiquei refletindo sobre o que aconteceria com a garota quando eu morresse, o que ela iria fazer? Seguir só? Como fizera antes de eu chegar,  ela se acostumaria com a solidão novamente? Eu fiquei pensando por tanto tempo que caí no sono, mas na mesma noite acordei suando frio, sem ar, sufocado, pensei que aquilo era um pesadelo, e talvez realmente tenha sido, olhei ao meu redor, ela não estava lá, assim como os móveis que ali estavam, não havia nada lá, só o buraco e eu, me levantei, fui para fora, olhei em volta a cidade iluminada pela lua, saí em busca dela, corri pela cidade, pelos mesmos lugares que costumávamos correr, mas eu estava tão cansado, me sentindo fraco, me sentindo velho, voltei, me deitei no chão frio, uma lagrima escorreu levemente pelo meu rosto, eu dormi. E no dia seguinte acordei, na mesma hora de sempre, estava tudo em seu lugar, os moveis, a arvore, e inclusive a garota, meu sorriso se abriu tão largamente, ela me viu sorrindo e retribuiu com seu sorriso branco, seus dentes eram imaculados, nem parecia viver nas condições que vivia, e lá fomos nós, explorar nossa cidade, o rei e a rainha sorrindo pela cidade verde. Mas a cada dia que passava o verde se empalidecia, parecia que o cinza queria dominar o mundo de novo, e logo, pouco a pouco, a garotinha parou de sorrir, nós paramos de correr, a monotonia seguida do tédio nos dominou, ou me melhor me dominou...
        É engraçado, eu fiquei tanto tempo buscando alguém, e eu encontrei, mas logo perdi, foi triste acordar um dia e perceber que ela não estava lá, como naquele pesadelo, que de fato não era um pesadelo, era a realidade tentando abrir meus olhos, a garota nunca existiu, eu a criei, assim como criei milhares de personagens a partir de lembranças mortas e esquecidas, eu a criei para aquecer minha solidão, para não me sentir tão só em meu leito de morte, mas por que eu a deixei partir da minha mente? Tudo bem, ela nunca existiu, mas foi a única ilusão que me trouxe algo de bom, que fez meu tempo passar, que fez eu me esquecer que o mundo havia acabado, me fez acreditar que a vida estava florindo, a vida nunca floriu novamente, a cidade não foi dominada pelo verde, foi doloroso acordar e ver que o mundo ainda era cinza, que as arvores ainda eram fracas e os frutos não muito saudáveis, após tantos anos vivendo uma ilusão, acordei e vi que não só a especie humana como também a vida em geral havia chegado ao fim, o planeta chegou ao seu limite. A garotinha não estava lá, nós nunca fomos DOIS, sempre houve apenas UM, apenas eu, só, tentando manter minha existência quase imperceptível, tentando não me esquecer de mim mesmo, tentando não cair em meu próprio esquecimento, tentando existir em um mundo onde nada mais existia. Eu me sai muito bem inventando pessoas, inventando historias pessoais e memorias artificiais. E então eu estava só, como eu sempre estive, a flor de fogo já não era tão intensa para mim, a lua não tinha mais brilho em minha vida, e eu continuei seguindo, e seguindo, só, seguindo como um cão, indo para o nada, indo para o horizonte, já não buscava nada, só andava, moribundo, até que me sentei em um poltrona vermelha que eu achei em uma velha casa, e aqui estou, sentando, observando o cinza que sobrou do mundo, que sobrou da vida, esperando o fim, o meu fim, o último homem, o ultimo ser racional da terra, o ultimo a deixar a vida, aquele que foi desde sempre, UM...


sexta-feira, 25 de maio de 2012

UM (Pt. 3)

Parte 1: http://insetosdecarne.blogspot.com.br/2012/05/um-pt-1.html
Parte 2: http://insetosdecarne.blogspot.com.br/2012/05/um-pt-2.html

UM (Pt. 3)

        E então chegamos ao momento mais memorável dessa jornada, o acontecimento que viria a aquecer minha solidão. Eu não sabia que cidade era aquela, era tudo desconhecido para mim, ficava observando as grandes raízes crescendo por entre os prédios e arranha-céus, a enorme cidade já estava dominada pela natureza, o verde crescia pelos destroços do velho mundo, foi a primeira vez em anos que eu vi o céu azul, puro e limpo, o mundo estava se recompondo, logo viriam novos seres vivos, novas evoluções, e o ser humano seria instinto. Caminhei por um tempo pela cidade, até que em um ponto eu parei para descansar, olhei a minha volta, estava tudo silencioso como já era de se esperar, sentei em um calçada e fiquei por um tempo pensando, tentando me lembrar do meus amigos, da minha família, do mundo, tentando me lembrar de como era minha vida antes de tudo isso, mas de algum modo eu não lembrei, talvez por ter ficado muito tempo tentando imaginar sobre a vida de pessoas que já estavam mortas, tentado reconstruir suas lembranças em minha mente, eu me esqueci de mim, eu esqueci de quem eu era, as vezes ainda tenho curtas lembranças da minha infância, mas nada realmente relevante sobre mim, eu passei tempo demais guardando objetos que não eram meus, eu fiz de mim um personagem sem historia, mergulhado em conto alheios e lembranças que nem ao menos eram minhas, eu não tinha nome, um dia eu tive, mas naquele momento eu já não me lembrava do meu, e isso não fazia importância, eu estava só, não precisava de um nome.
        Mas de repente o silencio é quebrado pelo som suave de um pequeno galho se quebrando, e o mesmo som é seguido de passos apressados, me virei rapidamente, e la estava, a uma distancia razoável, no chão, um pequeno galho partido em três pedaços, em levantei apressado e corri na direção dos passos, ao virar uma esquina só pude ver um vulto virando em outra, eu continuei a perseguir, sem saber se era real, ou se era apenas uma ilusão da minha mente cansada, então eu me vi em uma praça, a tipica praça de centro da cidade, não era tão grande, os destroços de prédios se destacavam, também haviam muitas árvores e raízes enormes, só então eu a vi, de costas, longos cabelos loiros para um pequeno corpo, era uma garotinha de uns sete anos, eu me aproximei, lentamente, para que ela não se assustasse, mas quando eu finalmente cheguei perto dela, ela saiu correndo mais uma vez, também comecei a correr,  logo a alcancei e a segurei pelos ombros, eu estava de joelhos, o olhos azuis dela fitavam os meus, não parecia estar assustada, ma também não transmitia muita segurança. Me lembro de ter perguntado seu nome, ela não respondeu, perguntei se haviam outros, ela continuou quieta com cara de duvida, só então eu entendi, ela não sabia falar, nem sabia o que as palavras significavam, mas eu estava tão feliz de ter encontrado alguém, eu a abracei, mesmo sem saber que era, de onde viera, eu nem ao menos sabia se ela era real. Mas naquele momento ela também se sentiu bem por eu estar ali, eu a soltei, e então ela agarrou minha mão e começou a me puxar, estava me levando a algum lugar, e eu fui, não tinha nada a perder. E então, chegamos a sua casa, não era bem uma casa, era um buraco embaixo de um monte de destroços, mas era lindo, a luz podia entrar e iluminar quase todo o local, havia água, uma grande possa havia se transformado em um pequeno lago, em um canto havia a raiz de uma enorme arvore, alguns frutos que caiam dela iam parar direto na casinha improvisada da garota. E ali, em um outro canto, havia uma caminha, sobre ela, um boneco de madeira feito a mão, talvez tenha sido feito por seus pais antes de partirem, e o que me fazia acreditar nisso era uma foto de família, a mãe, o pai e a garotinha, todos sorridentes na época em que o mundo ainda era mundo, na foto, a garotinha era bem menor, devia ter uns três anos ou menos.
        E agora eu não estava só, eu cuidei dela, ela cuidou de mim, eramos como pai e filha, eramos melhores amigos, nó brincávamos e riamos, mesmo sem nunca dizer uma palavra. Naquele momento nós eramos DOIS, mas logo o mundo desabaria mais uma vez...


quarta-feira, 23 de maio de 2012

Um (Pt. 2)

Parte 1: http://insetosdecarne.blogspot.com.br/2012/05/um-pt-1.html

UM (Pt. 2)


        E meu passos ecoavam em cada viela, em cada prédio que ainda ficara de pé, cada destroço pelo qual eu passava me fazia lembrar do dia em que tudo ruiu. Eu não sei dizer exatamente como tudo aconteceu, como o mundo ficou assim, eu só lembro das pessoas correndo enquanto as casa se partiam ao meio, a cidade já era cinza, machada pela poluição, que foi umas das principais causadoras desse belo incidente. Alguns homens tentavam salvar suas famílias, ajudar pessoas a saírem de casa antes que a mesma desabasse, muitas foram soterradas. Os tremores que estavam destruindo a cidade, foram ocasionados por um incidente em um projeto industrial do governo, "uma fonte de energia totalmente nova e ecologicamente correta!" Era o que os lideres diziam, mas um dia, um acidente ocorreu, a maquina, que ficava no subsolo, se superaqueceu e liberou uma onda magnética extremamente forte na terra, ocasionando assim a destruição de tudo que um dia foi construído pelo homem. Mas mesmo assim, a maioria sobreviveu, todos pensavam que o acidente havia ocorrido somente naquela cidade, mas logo ficamos sabendo que não, o mundo inteiro foi atingido. Dentro de poucos meses, a metade da população mundial foi perdida, em um ano, poucos ainda estavam lá, alguns andavam em grupos, armados com facas e canos, eles caçavam, mas quase não havia animais para se caçar, e quando não sobrou nenhum, o ser humano virou seu próprio alimento, caçadas canibais, mortes sangrentas, todos haviam enlouquecido, mas nem todos eram canibais, havia um grupo de pessoas como eu, que comiam o pouco q ainda restava em supermercados e bares, mesmo q já estivesse vencido, mas mesmo assim, era difícil encontrar comida, por isso a maioria preferia sair e caçar. Mas logo todos já estavam mortos, os corpos dos que morreram de fome serviram de alimento para os poucos que sobraram, e estes foram matando uns aos outros até que não sobrou nenhum, a comida era escassa, confesso que cheguei a comer carcaça de gente, os peixes foram mortos pelo lixo toxico, os animais terrestres pela caça e pela fome, mas após três anos, a natureza começou a florir novamente, ele sempre esteve lá, mas nunca dava frutos, era minha nova fonte de alimento, era puro e natural.
        E lá estava eu, anos depois do "Fim do Mundo", passava o dia escutando musicas por um fone que só funcionava de um lado, eu não tinha um gosto musical predileto, eu simplesmente ouvia o que começasse a tocar, tinha muitas musicas no velho aparelho, que por algum motivo misterioso nunca descarregava, talvez as suaves ondas magnéticas o mantivesse carregado, não sei se faz muito sentido, eu não entendo muito bem sobre eletrônicos e coisas do tipo. Caminhava, na falta de um veiculo que funcionasse, usava meus pés, já calejados de tanto andar, passava por cidades e cidades, devastadas e cobertas de lembranças mortas, fragmentos de historias que nunca mais seriam contadas ou vividas. Memorias que logo seriam esquecidas por mim, e cairiam no eterno esquecimento, o mesmo lugar ao qual eu estou predestinado.


Matheus Menegucci


terça-feira, 22 de maio de 2012

UM (Pt. 1)

        A flor de fogo brilhava no horizonte, cada raio de luz que dela vinha, iluminava as ruínas do que sobrou do mundo, que agora era cinza e destruído pelo homem. Seu brilho pintava de um intenso laranja o céu, me fazendo acreditar que talvez eu não tenha sido o único, o único a sobreviver, o único a presenciar a flor de fogo poente. Eu podia respirar, eu queria respirar, eu respirei, enquanto a luz intensa atravessava meu corpo e minha alma, eu me senti aquecido. Mas logo o céu já não era laranja, estava dominado pela escuridão, e a flor já não reinava sobre o céu, ela me deixou sozinho outra vez, no escuro, ouvindo a minha própria respiração, eu quis chorar, senti o frio novamente, e mais uma vez pensei estar sozinho no mundo, condenado a vagar em busca de nada, caminhar sobre os destroços do que um dia foi a civilização, o ultimo, aquele que mesmo estando vivo, não teria a quem contar a historia, não teria alguém para abraçar, ou simplesmente dizer "oi".
        Mas logo percebi que o escuro não era tão negro quanto pensei, algo ainda iluminava o local, eu me virei, e lá estava ela, na ponta céu, brilhando de um modo como eu nunca havia visto antes, a lua, em sua forma mais majestosa, cheia de luz, cheia de vida, cheia. Por algum motivo me senti culpado por nunca ter reparado o quão bela e poderosa ela podia ser, só naquele momento, em um mundo pós apocalíptico, pude perceber sua grandiosidade. Se me recordo bem, quando eu era pequeno e estava na escola primária, minha já falecida professora dizia que a lua só brilhava por que o Sol a iluminava, só então eu pude ver que não estava só, o Sol, minha flor de fogo, mesmo não estando brilhando do meu lado do mundo, iluminava a lua, ele ainda estava lá, para me fazer acreditar que talvez haja vida, que talvez haja alguém lá fora, um animal que seja, alguém em quem eu possa confiar, para que eu não me sinta só, alguém.
        Ainda estou só, caminhando incansavelmente em busca de algo que eu nem ao menos sei se está lá, e onde é "Lá"? Mas continuo, apesar da dor, das duvidas, das pedras. Eu continuo, juntando as memorias daqueles que já se foram, pegando suas fotos e imaginando como deve ter sido sua vida. Eu sigo, sozinho, comigo, acreditando não ser mais UM...


quinta-feira, 10 de maio de 2012

A Sopa

A Sopa

        O apartamento cinzento de quatro cômodos era realmente bem apertado, úmido e desconfortável. O marido assistia ao jornal na pequena televisão mal sintonizada, já a mulher estava na cozinha, preparando o jantar. Na verdade a cozinha e a sala onde o homem estava eram o mesmo cômodo, separados apenas por um pequeno balcão que eles usavam como mesa. Havia uma enorme infiltração no teto, a luz fluorescente amarelada vinda de uma lampada encardida dava dor nos olhos inicialmente, mas logo se acostumavam, eram pobres de dinheiro e pobres de espirito, eram pobres de vida.
        Do cômodo onde estavam, era possível ouvir o choro de seu filho retardado (Já me desculpando pelo uso do termo), os gritos infantis sovam de uma maneira tão estridente e irritante, o homem, que fumava seu cigarro enquanto assistia a televisão, estava ficando impaciente e nervoso.
        -Por que que esse merdinha não cala a boca?- Esbravejou.
        A mulher fingiu não ouvir o que o boçal do seu marido havia dito, simplesmente continuou a picar os legumes e colocá-los na sopa. A criança continuou com seu choro "demoníaco", o pai, que já estava extremamente nervoso sem poder ouvir uma unica palavra do seu jornal, levantou-se e foi ao quarto do bebê, a mulher só ouviu o som das palmadas e dos gritos abafados.
        -Cala essa boca seu merda! Você nem ao menos é humano! Eu não gosto de você, Deus não gosta de você...
        A mulher só mordeu os lábios e segurou as lagrimas, sabia que se questionasse o marido estaria morta, ou em um estado bem próximo à morte. O marido voltou, olhou com os olhos e o rosto vermelhos de raiva para a mulher, que estava forçando uma expressão neutra. Ele se sentou novamente no sofá e voltou a assistir o jornal, a criança ainda chorava, porém mais baixo, o pai batera tão forte que não restara muitas forças para chorar.
        A mulher, que ainda preparava o jantar, deixou que uma lagrima escapasse, e em seguida outra, lagrimas que caíram na sopa, foi então que ela tomou coragem e abriu a boca:
        -Amor... -Disse enquanto arrastava a mão para uma faca- Vem aqui experimentar a sopa!

        E lá estavam, a mãe suja de sangue e o filho deficiente, tomavam a sopa com uma vontade que dava gosto, sopa que por sua vez estava deliciosa, a mãe comia um pouco, dava mais um pouco na boca da criança, que comia com prazer, o sabor, o aroma, a sopa estava ótima. A mulher olhou para baixo e viu o corpo do pai, faltava um membro, mas ainda era o suficiente para fazer sopa pelo resto do mês.

Budda