#1: INERTE
Várias vozezinhas sussurravam desordenadas no ecoar de pequenos pezinhos estralando no
escuro. Sonolentas:
-Ele
não parece triste.
-Não
parece feliz.
-Não
parece transparecer nada!
-Ele
fechou os olhos.
-Não
parece querer respirar.
-Parece
não sentir nada.
-Alguma
coisa ele sente!
-Saudade...
-Saudade
de quê?
-Saudade...
Saudade de sentir!
-Não
parece ter saudade.
-Não
parece transparecer nada!
-Os
olhos ainda estão fechados.
-Não
parece querer os abrir.
-É
fraco.
-Assim
como todos os outros!
-Não parece fraco.
-Não
parece transparecer nada!
As vozezinhas se calaram, o escuro permaneceu, os olhos não se abriram... A dor
não transpareceu.
Não
queria acordar. Prometeu para si, por muito tempo, não mais abrir os olhos.
BUDDA
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