domingo, 12 de fevereiro de 2012

Irmãs Sem Nome


Irmãs sem nome

        E lá estava ele, sentado no banquinho manco do balcão, acabava de pedir mais uma bebida, sua vida havia se resumido somente a isso, bares e prostitutas, acabara de perder o emprego, e não restara nenhum membro de sua família vivo. Frequentemente se questionava por que só ele ainda estava lá, ele sempre foi o fracassado, a decepção da família, em sua vida inteira, a única realização significativa que tivera, foi ser promovido de entregador de pizza a gerente de uma pizzaria suja no subúrbio, para posteriormente ser demitido e gastar o que restava de seu dinheiro com drogas e mulheres. Tinha 43 anos, seu nome era José, seu pau mal funcionava sem Viagra, já pensara em se matar, mas era covarde demais para matar alguém, mesmo que esse alguém fosse ele mesmo, uma vida tão deprimente e inútil.

         A noite estava apenas começando, quando uma mulher com belas pernas brancas entrou no bar, ela era linda, José se perguntava o que uma mulher daquela fazia em um bar tão imundo, vestido preto, seios fartos, loira, era o sonho de consumo de muitos homens, mas mesmo achando ela linda, José não se interessou pela moça, ela não era o “tipo” que ele gostava, e ele também sabia que nunca teria uma chance com ela, José continuou a tomar sua cerveja em paz. Meia hora depois de a bela moça entrar, outra entrou, oriental, também trajava um vestido preto, Aquele sim era o tipo de mulher que José gostava, ele a observou enquanto ela se sentou em uma mesa se juntando à loira, por um momento, uma cena de erotismo passou pela mente imunda de José, que por sua vez teve uma leve ereção, ele estava hipnotizado, olhava descaradamente para as duas, havia pelo menos um ano que ele não comia ninguém de graça, e sabia que não comeria ninguém, mas só imaginar o deixava louco, as mulheres perceberam o olhar descarado de José e deram uma risadinha entre si. Dez minutos depois, a loira se levantou e se dirigiu ao balcão, parou ao lado de José e pediu uma bebida à balconista, discretamente ela virou o rosto, olhou para José e disse:
        - Nós vimos você olhando, safadinho!- logo depois soltou uma risadinha singela.
        - É!- Ele estava vermelho de vergonha- é que eu não pude evitar, você e sua amiga, vocês são lindas, sinto muito se eu fui meio... Indelicado.
        -Não liga pra isso, bobinho. E ela não é minha amiga, nós também nos conhecemos agora, é que nós duas estamos procurando pela mesma coisa.
        -E o que é que vocês procuram?
        -Diversão- lançou um olhar sensual e deu outra risadinha- você não quer se juntar a nós?
        -Ora! É claro, por que não? Vamos.
        Os dois se dirigiram à mesa e se juntaram a moça oriental, José nem ao menos se perguntou o que elas tinham visto nele, ele só se sentou e disse:
        -Então! Como vocês chamam?
        -Nada disso mocinho, nada de nomes, só diversão- disse a japonesa.
        -Isso mesmo, hoje será a primeira e ultima vez que nos veremos, então, nada de nomes- palavras da loira.
        -Entendi, então, que venha a diversão!
        Os três passaram horas conversando, fumando e bebendo, risadas descontroladas, nuca tinha se divertido tanto. Em sua cabeça, tudo já estava rodando, mudando de cor, a imagem ficava distorcida, e eles continuavam rindo, um leve ruído agudo crescia, cada vez mais alto, mais agudo, mais forte, as vozes estavam mais rápidas, as risadas eram tão distorcidas, já não via nada, só o escuro, o profundo e calmo escuro.
        -José, acorda.
        A loira o acordou, na verdade ele identificou pelos peitos, porque não levantou a cabeça para olhar seu rosto, olhou em volta, o bar estava vazio, nem um balconista, ninguém, só os três, estava tão escuro, ele pensou por um segundo, e disse:
        -Que horas são? Por que não tem ninguém aqui? E do que foi que você me chamou?
        - José, acalme-se, eu só te chamei de José, não é esse o seu nome?
        -Mas, e aquela conversa sobre não dizer nomes?
        Ele levantou a cabeça, e quando viu o rosto dela ele ficou perplexo, não havia olhos, só duas narinas, e uma boca enorme cheia de dentes, olhou para o lado, a japonesa também era assim, ele se levantou rapidamente e saiu correndo para o fundo do bar enquanto as duas ficavam nuas e não paravam de rir.
        -José, nós só queremos nos divertir um pouco- as duas disseram juntas.
        -Saiam daqui, o que vocês são?
        José gritava, sem parar, tudo girava novamente enquanto elas se aproximavam, ele caiu sentado, as duas se aproximaram mais, ele pode ver um rabo atrás de cada uma, suas caldas também eram lindas, isso ele não podia negar, mesmo parecendo demônios, elas eram lindas, então ele parou de tentar fugir. Quando deu por si, estava gemendo e suando, as duas criaturas infernais, lambiam e beijavam-no, enquanto uma fazia sexo com ele, e outra ficava se excitando, elas não gemiam como mulheres, elas gritavam de um jeito agudo, de uma forma tão excitante e erótica, a japonesa, que estava fazendo sexo, parou por um momento, abaixou a cabeça, abriu a boca, uma língua enorme com um ferrão saiu de sua boca, a loira se levantou e disse para a outra:
         - Tem certeza? Agora?
         - Como assim, o que vocês vão fazer?-disse José.
       As duas dirigiram seus rostos sem olhos para José que estava amarrado a uma cama, suas línguas se aproximaram do corpo de José, e de repente, um salto, José cai de costas do banco manco do bar, gritando, todos olham para ele, inicialmente ele se senta, e depois começa a rir, ”foi só um sonho”, ele se levanta, paga pelo que bebeu, e vai em direção a saída, de repente ele sente algo, olha para seu peito, e seu coração esta sangrando, dois enormes buracos jorrando sangue, vozes de gemidos e sons de sexo.
        -Ei José!- duas vozes femininas.
        José se vira, em choque e tremendo, ele olha para a mesa e as duas mulheres estão lá, a loira e a oriental, elas têm faces, e estão rindo histericamente. José, sem acreditar, começa a fraquejar, sua visão fica embaçada, ele cai, e ainda vivo, percebe que ninguém vai ajudá-lo, afinal, ele nem ao menos está ali de verdade, e enquanto tudo fica escuro, ele ouve a risada demoníaca das duas:
        -José! Safadinho! Nada de nomes! Nós não temos... E muito obrigado pela sua alma.

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