sábado, 14 de abril de 2012

A Taberneira Infernal e Seus Amores



Esse conto é a continuação dos seguintes contos:

Irmãs Sem Nome: http://insetosdecarne.blogspot.com.br/2012/02/normal-0-21-false-false-false-pt-br-x.html
Fetiches, Propostas e Verdades: http://insetosdecarne.blogspot.com.br/2012/02/fetiches-propostas-e-verdades.html



A Taberneira Infernal e Seus Amores

        -Mais uma, filhas da puta ...
        A taberna era mal iluminada e úmida, sozinho em sua mesa, um homem com barba e cabelo enormes e mal cuidados, pedia gentilmente, com sua voz rouca, mais uma dose de Whisky, não era muito velho. Da sua mesa ele podia ver todos os presentes, em uma mesa encostada na parede, havia um homem de meia idade, seu cérebro estava exposto e ele comia petiscos na tampa do próprio cranio, do outro lado, sentado no balcão, havia outro homem, tinha um enorme buraco na parte detrás da cabeça, resultado de um tiro, que ao entrar faz um pequeno buraco, mas ao sair faz um estrago notável. Mais a frente, perto da porta, um jovem extremamente magro, com varias cicatrizes no corpo, tomava sozinho uma garrafa de Gim. O homem sabia que ele e todos os presentes no local estava mortos. O barman, segurava um enorme tridente, era possível confundi-lo com o diabo, ainda mais por seus pequenos chifres saindo de sua pele pálida, mas não era o diabo. Uma garçonete demoníaca, e extremamente gostosa, levava a garrafa de Whisky que o homem pedira, ao chegar, o homem simplesmente disse:
        -Muito obrigado senhorita- tentando ser cavaleiro do seu jeito rude.
        Ele tentava se lembrar de como havia morrido, mas não se lembrava de nada. Estava com uma dor de cabeça infernal, sem querer fazer trocadilho, ouvia até o barulho minimo do barman limpando os copos sem parar, aquele pano nunca parava de lustrar e lustrar os copos, ouvia o homem sem maça cefálica mastigando seus petiscos, ouvia a bebida descer pela garganta do jovem fetichista, a tosse do homem no balcão nunca cessava, era cada vez mais alto, mais profundo, estava dentro da sua cabeça, cavando um buraco em sua mente, profundo, profundo, de repente a portinhola dupla de saloon abriu com outro homem sendo arremessado para dentro do bar, um velho de bengala se levanta, não tem um pé, em seu lugar há uma bela perna de pau daquelas que piratas usavam, o velho rabugento vai mancando até o balcão, tira uma arma e atira na cabeça do homem que ali sentava, quando o homem cai o velho se senta em seu lugar, e comenta:
        -Ninguém senta perto de mim.
        O homem, que agora tinha dois buracos de bala na cabeça, se levanta e vai se sentar em uma mesa, o velho pede uma dose. A dor de cabeça agora tinha parado, todos estavam bebendo e rindo sozinhos de algo, menos o homem do canto, que ainda estava refletindo sobre sua morte. Após um tempo, o homem com buracos na cabeça sentou-se junto ao homem com o cérebro exposto:
        -Então, como você morreu?
        -Acho que eu fui atropelado, sei lá, eu só sei que minha massa cefálica saiu voando por uns cinco metros. E você amigo, como é que você morreu?
        O homem só virou a cabeça um pouco, para que o outro pudesse ver o enorme buraco.
        -Huh! Isso doeu?
        - Na verdade eu nem senti, eu estava lá, uma vadia apontando uma arma pra minha cabeça, de repente, PUM, eu estava aqui.
        -Vadia? Que vadia?
        -Minha mulher- O homem estava rindo- Ela descobriu que eu comia a sobrinha dela todo final de semana.
        Nessa hora todos riram, inclusive os que não participavam da conversa, o velho que havia tomado o seu lugar disse, orgulhoso do homem:
        -Isso mesmo rapaz, tem que aproveitar enquanto elas são novinhas- Logo depois disso ele soltou uma gargalhada fraca e rouca de velhos fumantes.
        -Por falar em Sexo- Começou o jovem magro- A ultima coisa que eu fiz antes de morrer foi sexo, eu transei a noite inteira, e quando eu tava acabando, o diabo chegou e fez eu vender minha alma pra ele. (Fetiches, Propostas e Verdades) 
        -Então, você também vendeu sua alma?-Disse o barbudo, que até então estava quieto- Eu vendi minha alma também, só não me lembro como... Eu tento me lembrar, mas não vem nada à minha mente.
        -Hum!- Começou o velho- Isso não importa agora, afinal não tem como voltar atrás, você está aqui no inferno com a gente, é isso que importa.
        -Claro- Disse ele finalizando outra garrafa, gritou- Mas uma aqui pra mim!
        -Essa por minha conta- Disse o velho amigavelmente totalmente interessado no caso do homem.
        Após um tempo bebendo e conversando sobre suas mortes, todos se sentaram em uma só mesa, de algum modo, agora todos eram "amigos", e após muita conversa o jovem magro disse:
        -Eu acho que está faltando uma mulher aqui.
        Todos concordaram rindo como Vikings tarados na idade media, no mesmo momento a garçonete disse:
        -Isso não é problema!
        Ela se despiu mostrando seus seios perfeitos, seus pequenos chifres eram assustadores, mas era exitante de qualquer forma, ela subiu na mesa e dançou para todos, todos estavam exitados, menos o barbudo, ele não era gay, só não estava interessado. O jovem viciado em sexo estava vidrado naquela forma sedutora que expressava perfeitamente o que é o pecado, sua boca enorme, seus dentes pontiagudos, seu rabo que batia na cara dos homens, o barbudo continuava olhando para o copo de bebida, pensativo, "como eu morri?". O jovem, que já não aguentava mais de tanta excitação, saltou sobre a mesa, jogando a dançarina no chão selvagemente, ele era como um animal, e àquela hora já estava domada, ele tirou as calças e começou, ele fazia sexo com ela, ela retribuía, os gemidos agudos dela combinados com os graves dele se misturavam em uma combinação perfeita entre loucura e inferno. Os homens olhavam  atentos, todos com um olhar de desejo, havia sangue nos olhos deles, todos queriam um pouco, eles se levantaram como caçadores, só continuou sentado o velho e o barbudo, o homem com o cranio furado e o outro sem a tampa do cranio se jogaram sobre o jovem, a bela forma demoníaca saiu debaixo deles, eles brigavam com unhas e dentes, enquanto isso a garçonete nua seguiu e se sentou com os dois homens, ao ver a cena o barman se juntou a eles, enquanto isso os outros três continuavam a brigar. A garçonete, ainda nua, disse em um tom sedutor demais para homens normais:
        -Então, por que vocês ficaram aqui? Por que só vocês não querem se matar por mim?
        -Eu estou velho demais- Disse o velho- Mesmo que eu esteja morto e no inferno, eu tinha uma mulher, e mesmo que eu nunca mais a veja, e a amava, sim, eu comia outras, mas ela era especial, tinha idade para ser minha neta, mas eu a amava, e no momento em que eu entrei naquela porta, eu prometi pra mim mesmo que não teira nenhuma outra mulher.
        -Hum! Interessante- Disse o barman, se virou para o barbudo- E você?
        -Eu não acho certo homens brigarem como animais por uma mulher, eu sei que é isso que nós somos, animais, mas eu acho que o mais poderoso é aquele que consegue a mulher sem ter de usar a força, e alem disso eu estou tentando lembrar como é que eu morri.
        A diaba havia se excitado com a afirmação que o homem fizera, mas de qualquer modo estava brava por ele não se lembrar de sua morte. Os três que estavam brigando logo pararam, estavam acabados, o jovem estava todo ferido, um corte permitia ver um órgão em sua barriga, o cérebro do outro estava no chão, e o homem com a cabeça furada estava estirado sem forças. Logo, todos voltaram ao seu lugar, o velho no balcão, o jovem na mesa perto da porta, o homem sem cranio, e agora sem cérebro, na mesa encostada na parede, e o homem baleado continuou no chão, depois de um tempo todos deixaram o bar, mas o barbudo, que fora o primeiro a chegar, continuou lá, sozinho, a garçonete se aproximou e sentou-se com ele:
        -Você realmente não se lembra de como morrera José? (Irmãs Sem Nome)
        -Não, e como você sabe meu nome?
        -Seria difícil esquecer, eu te trouxe aqui, eu e uma amiga. Você está a tanto tempo tentando lembrar, sua barba cresceu, seu cabelo também, você mudou muito, ainda sente dores no peito?
        -O que? como você...-José sentiu outra dor no peito- Espere, eu acho que me lembro...
        Então um filme de tudo que acontecera na noite em que morrera passou em sua cabeça, ele se lembrou, as duas criaturas, o Sexo,  o momento em que elas pegaram sua alma. Não tinha mais dores na cabeça ou no peito, se conformara com a morte patética que tivera, agora ele era o mesmo José, sem barba, cabelo normal. Então ele disse:
        -Creio que agora você pode me dizer seu nome.
        -Eu poderia se eu tivesse, foi um prazer conhece-lo José.
        A garçonete lhe deu um beijo apaixonado no rosto e saiu, ela gostava dele, a alma dele estava com ela, ele era especial, José se levantou e se dirigiu à saída da taberna, poucos passo antes de sair ele disse:
        -Adeus, eu estou pronto- Ele se virou para o barman e para a garçonete- Só queria gradecer pelo ótimo atendimento. Coloque tudo na minha conta.
         Deu um sorriso apaixonado para a diaba, virou-se e saiu, ele estava pronto para o inferno.




Budda

Um comentário:

  1. muito bom cara.
    blogs com conteúdo trash são sempre bem vindos.
    visite o meu :http://yuridejan.blogspot.com.br/

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